Caetano Veloso e Daniela Mercury lançam single contra "censura" no Brasil
24/01/2019 14:53 em Música

Daniela Mercury e Caetano Veloso, dois gigantes da música brasileira, lançam nesta semana a música "Prohibido el Carnaval", um protesto contra a "censura" que consideram impor o novo governo utraconservador de Jair Bolsonaro.

"Abra a porta do armário, sem censura para me parar / Abra a porta do armário, que a alegria cura, venha me beijar", convidou os versos compostos por Mercúrio ao ritmo vibrante de axé, contagiante gênero musical que incentiva os carnavais de Salvador da Bahia.
"O carnaval é proibido neste país tropical", completa com ironia o refrão da música, que será lançado oficialmente na sexta-feira e a partir de onde foi divulgado um fragmento de 30 segundos. "É obviamente uma reação, uma resposta à tendência de poderes censura brasileiros hoje", disse o jornal Veloso Folha de S. Paulo, que participou da gravação de vídeo em Salvador.
A vitória eleitoral de Bolsonaro "é o resultado do sentimento que temos de resolver as coisas imediatamente, que quem vai nos salvar é alguém específico e não a democracia", analisa Mercury em diálogo com o jornal sobre o momento político no Brasil, na que a comunidade LGBT teme retrocessos na proteção de seus direitos. "As coisas estão acontecendo. Há uma tentativa de proibir o que não pode ser proibido, que tanto lutou para libertar ", acrescentou o artista, de 53 anos, que além de ser o maior expoente do axé gênero, é um forte ativista pelos direitos LGBT e tornado público sua homossexualidade em 2013.
A canção também se refere às declarações do novo ministro dos Direitos Humanos Bolsonaro, o pastor pentecostal Damares Alves, o que provocou uma polêmica ao afirmar no início de janeiro que a "nova era" o Brasil viva ", as crianças usam azul e as meninas de rosa ", uma metáfora com a qual ele queria expressar sua rejeição à" ideologia de gênero ".
"A música fala por si. Eu brinco com rosa e azul para mostrar que não podemos ficar trancados em uma caixa ", disse Mercury, que aparece no cartaz com Veloso deitado em grandes pedaços de tule de cores vivas.
Depois de três décadas de progresso nos direitos individuais após a saída da ditadura militar (1964-1985) e treze anos de governos de esquerda (2003-2016), o Brasil vive hoje um impulso conservador no campo moral, que encontrou voz o discurso do governo Bolsonaro.
 
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